05 janeiro 2011

Brasil/EUA: uma vida em 2 anos - Parte III

Em 2008, Karine viajou a Beaver Creek,
Colorado: "toneladas e mais toneladas de neve". 
Na terceira parte do relato que Karine faz ao NovoCaos.com sobre o tempo que passou nos Estados Unidos, começam a surgir as primeiras viagens. Da neve ao deserto. Nessa época, teve que voltar ao Brasil pela segunda vez e bateu aquela vontade de ficar na terra natal. Ela persistiu, no entanto, e começou a movimentar sua vida social nos EUA. “Meu coração já não era apenas verde e amarelo, mas também azul, vermelho e branco”. Além disso, ela começava a prestar mais atenção ao comportamento dos norte-americanos. “Na boate as pessoas são mais maduras, a maioria está lá para curtir a noite de uma forma saudável”, relata Karine. Clique em Continuação para conferir os detalhes.




As viagens I
Viajar nos Estados Unidos é uma das coisas mais simples de se fazer. Os preços dos vôos e hotéis são acessíveis e os destinos são inúmeros. Minha primeira viagem foi com a própria host family. Era fevereiro de 2008, férias de inverno para eles. Fomos a uma cidade chamada Beaver Creek, no Colorado. Toneladas e mais toneladas de neve e muito, mas muito frio. As experiências foram as melhores. Esquiei pela primeira vez, ou pelo menos tentei. Fiz um dia de aula, mas acho que aprendi mesmo nos outros dois dias em que descia a montanha sozinha. Claro, acho que o máximo de velocidade que eu atingia era uns 2Km/h. Antes de ficar mais rápido eu caia ou então me jogava no chão porque sabia que estava prestes a cair. Aprendi que é muito mais difícil parar do que começar. Ah, e aprendi também que uma vez que você está no topo, você tem que descer, seja esquiando ou rolando. Porém tudo tem uma vantagem. Nada melhor que uma hot tub (como se fosse um ofurô) para relaxar depois de um dia rolando pelas montanhas.

Naquele ano, eu não fiz viagens muito grandes. Visitei umas cidadezinhas ao redor de Seattle. Decidi que usaria o resto de minhas ferias par ir ao Brasil. A única viagem que fiz sem a minha family foi a Pasco. Uma amiga de NY iria se casar e convidou eu e a Eve para a celebração. Alugamos um carro e dirigimos até aquela cidadezinha no meio do nada com coisa alguma. Foi a primeira vez que saí da area de Seattle e descorbri que a chuva ficava toda lá. O resto do estado parecia um deserto. Seattle area é rodeada por montanhas e lagos, então chove muito por lá. Na maior parte do ano o tempo está nublado e chuvoso. E as temperaturas são sempre baixas. Pasco, por sua vez ficava fora daquela area, e até chegar lá são quilômetros e quilômetros de terras desertas, sem verde, sem nada.

A volta ao Brasil parte II
Em setembro de 2008 voltei ao Brasil. Uma semana só. Nessa mesma semana minha prima e irmã casaram. Tudo estratégicamente planejado. Eu estava feliz em rever minha família. Nossa, como eu sentia falta deles. Já não namorava mais. Pois é, acho que a distância era grande demais, além disso, estávamos crescendo e indo em direções opostas. “Anyway”, minha família, nossa, eu podia sentir o quanto eles estavam felizes em me ver. Meu pai me abraçou de uma forma que ele nunca fez em toda a minha vida. Me senti mal. Vi que não estava ali por ele, e ele precisava de mim. Mas eu não ia ficar muito tempo. Tinha que voltar.


A semana passou como um flash e logo me vi embarcando mais uma vez, deixando minha casa mais uma vez. Lembro que quando eu estava em SP, prestes a embarcar, um amigo que trabalhava no aeroporto me fazia companhia. Eu falava que não queria ir mais. De alguma forma ter voltado pra casa depois de um tempo me despertou uma vontade imensa de ficar. Mesmo assim fui. Quando cheguei lá, aquele sentimento continuava. Porém eu já havia dito ao meu patrão que ficaria por mais um ano. Ou seja, não voltaria pra casa em dezembro de 2008, mas sim em dezembro de 2009. Pensei, repensei, e por mais ou menos um mês eu considerei quebrar o contrato e voltar. Mas não o fiz. Depois de um tempo, aquele sentimento passou. Acho que começava a amar um outro país. Meu coração já não era apenas verde e amarelo, mas também azul, vermelho e branco.

A vida social
A desvantagem de ir para os Estados Unidos aos 19 anos é que se perde uma parte enorme de sua vida social. A idade minima para o consumo de bebida alcoolica é de 21 anos. Isso não é o pior. O problema não é não beber, mas sim não ter permissão nem para entrar nos lugares. E por ser uma pessoa muito “sortuda”, todos os meus amigos eram maiores de 21. Eu ficava então condenada ao shopping e as festinhas caseiras, onde não se exigia identidade. Claro que eu não gostava disso quando até completer 21, porém entendi que na verdade é uma coisa boa. Aqui no Brasil a falta de fiscalização nos bares e boates faz com que o público seja muito, como dizer, misturado. Ou seja, se você vai numa boate e encontra aqueles grupos enormes de crianças de 16, 17 anos, fazendo baderna, achando que está arrasando, que são os maiorais. Lá, o público é selecionado. “Na boate as pessoas são mais maduras, a maiorir está lá para curtir a noite de uma forma saudável.”


Aprendi a gostar disso, de realmente sair para dançar, aproveitar o tempo com os amigos, curtir a música. Outra coisa que eu também gostava muito, era que as baladas abriam as 10 e fechavam as 2 da manhã. Parece estranho, mas eu gostava muito. Nada como acordar no domingo de manhã com energia, se sentindo bem depois de uma ótima noite. Nada de ressaca ou preguiça (é, acho que estou ficando velha). Mais uma coisa que eu gostava. Balada para dançar.

A primeira coisa que um brasileiro tem na cabeça quando vai para uma balada é: hoje eu vou pegar alguém. Surpreendentemente, muitos dos americanos não tem isso na cabeça. É muito bom ir em uma balada e saber que você não vai ser assediada com aquelas cantadas de pedreiro. Lógico que existem esses também, mas a demanda é bem menor. Pasmem ou não, e sei que posso ser muito criticada por isso, mas eu acho que os americanos são milhares de vezes mais gentis que os brasileiros. Mesmo se as intenções do cara forem as piores possíveis. Aqui começo um sub-tópico.
nota de edição: na próxima postagem, é claro hehehe.

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