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Conflitos com desfechos rápidos evitavam o prolongamento dos dramas, abusados no desgastado modelo das novelas do último milênio. Cada capítulo se pagava por si só e despertava a curiosidade de qual rosto teria a imagem congelada sobre o fundo de luzes de carros da avenida. A grande genialidade do autor, na minha opinião, foi o desvendar gradual dos segredos do núcleo principal da trama. A cada nova descoberta, mudava-se a perspectiva em relação aos personagem em questão, dando um clima de suspense que, sempre suavizado com toques de humor , mantinha o vigor do folhetim.
Contudo, o conteúdo deixou a desejar para mim, fiel a alguns valores morais. A começar pelos hábitos nada abstêmios dos personagens. O Jorginho, por exemplo. A Nina brigava com ele, ele pegava uma cerveja. A Nina reatava com ele, ele pegava uma cerveja. O Divino ganhava, cerveja. O Divino perdia, cerveja. Isso também vale pro Leleco, Tufão, Max, Cadinho, etc. Não me lembro de ter assistido outra novela com tantas cenas de bebidas alcóolicas.
Sem contar a utilização da vingança e da ganância humanas como eixo central e as tragédias decorrentes disso, fato que transformou o tradicional final feliz em um breve suspiro de alívio. E a banalização do sexo? E desmoralização da família? A tevê, enquanto diálogo imediato, é uma via de mão única. As cenas vão passando, enquanto o telespectador fica estático, em transe. Estude um pouco de psicologia e de hipnose para entender melhor o que estou falando. E paro por aqui antes que alguém me tache de moralista e conspirador.
Um outro ponto falho e, em alguns casos, até infantil foi a argumentação. Um exemplo: quando a Nina perdeu as fotos que incriminavam Max e Carminha. Como uma mulher rica e esclarecida como ela não pensou num pendrive? Outro exemplo: como uma motoquinha daquela conseguiu alcançar um carro de última geração ao descobrir o cativeiro de Tufão? É a formiga atômica?
Na parte comercial, teve ainda a estratégia questionável do ponto de vista ético de incluir merchandising entre as cenas sem faixa indicativa. É quase uma mensagem subliminar. Prática essa que ajudou a novela a emplacar cerca de R$ 1 bilhão em publicidade, segundo a revista Forbes, um recorde da história da TV Globo. Plim-Plim ($). Como a novela fez muito e muito sucesso, graças a uma equipe técnica, cenográfica e cênica fantásticas (pra usar um termo global), já sabemos o que deve estar vindo por aí. Só espero que a nova classe média, que financia indiretamente tudo isso, comece a evoluir não só financeiramente, mas também, culturalmente.
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